BAILAINDO NAS NUVENS O SONHO Ora, tudo se passou na casa dos meus pais, onde vivemos nossa adolescência e juventude.
Estávamos eu, minhas irmãs, umas primas e mamãe num quarto. Minha irmã mais velha, Glória, disse: - Caçula, o papai chegou com o amigo dele e estão lá na sala, esperando por nós. Saimos ao encontro deles. Meu pai estava em pé, de paletó preto, muito elegante e nos recebeu com o sorriso mais belo e iluminado que já havíamos visto. De algum lugar vinha uma música, que não sei bem se era valsa ou tango. Acho que era uma canção celestial!! Papai olhou pra mim, me estendeu a mão e disse: - Minha caçula, vamos dançar. Falei: - Papai, eu não sei dançar esta música. Pareceu-me que ele nem se deu conta do que eu falara, apenas enlaçou a minha cintura, coloquei a minha mão no seu ombro e nos demos as mãos. Começamos a dançar. De repente era como se nossos pés não tocassem o chão, e mesmo naquela sala, tive a impressão de que estávamos bailando nas nuvens. Mamãe, minhas irmãs e primas, o amigo do papai e mais algumas pessoas que não lembro quem eram, acomodaram-se em poltronas e cadeiras, espalhadas pelos cantos da sala. Eu estava com um vestido branco, de tecido leve feito pluma. Cada movimento que fazíamos o vestido esvoaçava, girávamos e os passos pareciam com os do tango. De repente a música cessou. Papai olhava pra mim com aquele sorriso meia-boca, que lhe era tão peculiar. Me perfilei na sua frente, sorri, bati palmas e disse: - Papai, que lindo!! Ele apenas sorria. Todos aplaudiram e eu dava pulinhos de alegria, feito uma criança, feliz batendo palmas. O sonho foi desvanecendo, assim como que envolto numa bruma e ali estava papai, com aquele sorriso tão terno e paternal. O sonho mais lindo que já tive com os meus pais!! E foi assim!! NOTA: Em vida papai nunca dançou. Alegava que não sabia e mamãe, como eximia dançarina, quando ia nas festas de clubes, dançava com seus irmãos. Papai ficava feliz, pois fazia a vontade da amada e apenas a observava dançando com os seus cunhados. Mas no sonho papai parecia o Fred Astaire, acreditam?
Registro esta crônica em memória dos meus pais. (papai faleceu em 1990 e mamãe em 1998). PS: escolhi esta foto do Fred Astaire porque foi a que mais se aproximou da imagem do meu sonho, na madrugada de 30.09.2011 Inesquecivel!! Fernanda Xerez
Enviado por Fernanda Xerez em 01/10/2011
Alterado em 01/12/2015 Copyright © 2011. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |